Espaço de Trabalho do Futuro – Parte 2

No artigo anterior falamos muito sobre o espaço de trabalho como um destino para onde os colaboradores das empresas vão para poder desenvolver os trabalhos em equipe, socializar e aprender uma nova habilidade. Vemos hoje uma preocupação bem grande com relação aos espaços colaborativos, sejam eles claramente visíveis ou apenas estações de trabalho sem partições para uma interação mais efetiva, e todas as possibilidades entre elas.

A colaboração é algo que não pode ser forçado. É um processo natural que une pessoas em torno de um propósito em comum. Nas empresas esse processo é chamado de Team Building e é altamente valorizado pelos departamentos de RH. É um dos itens identificados durante o processo de seleção que vimos acontecer há mais de 10 anos – Você consegue trabalhar em equipe? Você se sente confortável dividindo o sucesso de um projeto com outras pessoas? As empresas têm investido verdadeiras fortunas remodelando seus espaços de trabalho e em tecnologia, para que as pessoas possam colaborar mais, estarem conectadas 24 horas, 7 dias por semana, almejando que isso as fará se comunicar mais, estarem juntas por mais tempo trocando experiências. Enfim, inovando cada vez mais e mais rápido.

O processo de colaboração é um conceito multifacetado, que hoje envolve cultura corporativa, o espaço físico, as pessoas e as ferramentas. Quando vamos pensar um novo ambiente de trabalho, temos que considerar esses quatro fatores. Lembro bem de um projeto de anos atrás, onde foi implementado um novo conceito de espaço de trabalho que considerava os quatro “work modes”. Eram duas empresas que juntavam determinadas áreas para formar uma nova, com uma cultura ainda a ser definida. Meses depois da implantação, fui chamado a fazer uma alteração no projeto e a área que seria modificada era justamente a de colaboração. Perguntei à empresa por que estavam extinguindo esse espaço e fui informado que a mesma não era utilizada. Ficava vazia.

Esse é um exemplo malsucedido de uma implantação que não considerou alguns dos fatores que mencionei no parágrafo acima. Apenas foi colocado em prática um guideline global, não considerando a transformação cultural que precisava ser feita e a conscientização das pessoas, desde a alta direção até as equipes operacionais, de que aqueles espaços eram uma maneira das pessoas se valerem de espaços diferentes para colaborar, serem mais produtivas, focarem.

Conclusão: além do processo de colaboração ser um processo intuitivo (ele ocorre a qualquer momento, em qualquer lugar), precisamos entender as empresas, suas culturas, as pessoas que lá trabalham e as que lá trabalharão e a capacidade de investimento em tecnologia, para poder aconselhar e direcionar um projeto de remodelação dos ambientes de trabalho, para que o mesmo efetivamente promova essa tão desejada colaboração. É um processo que começa muito antes da escolha de um novo local ou mesmo de traçarmos a primeira linha de um novo espaço.

Luiz Gustavo Campos – arquiteto especializado em workplace