O escritório pós-pandemia – parte 2

Falamos muito no último artigo sobre as lições que estamos aprendendo com essa situação toda – desmistificação do home office, gerenciar sem ver, entre outros.

Dentro de tudo isso, existe uma preocupação mais imediata, que é a volta do trabalho nos escritórios e uma outra mais a longo prazo, que é a revisão dos espaços de trabalho para estarem preparados para futuros eventos como este que estamos enfrentando.

Mas vamos focar no curto prazo e pensar em quais medidas deverão ser adotadas pelas empresas neste retorno, mesmo que aos poucos, à rotina de ir para o escritório, participar de reuniões, compartilhar espaços, equipamentos etc.

Baseado em análises e pesquisas sendo publicadas, podemos elencar alguns pontos que são comuns a todos:

1_Apesar de voltarmos à rotina, manter a distância de segurança (os famosos dois metros) será mandatório. Não temos a previsão concreta de uma vacina a curto prazo, então devemos nos salvaguardar e também aos outros;

2_Reconfigurar as estações de trabalho para diminuir a densidade de ocupação, diminuindo a aglomeração nos dias normais. Para algumas empresas, que já trabalham com densidades menores, será menos traumático, mas para as empresas que decidiram pela densificação do espaço das estações de trabalho, o desafio será maior;

3_Estações compartilhadas deverão ter a sua dinâmica refeita, devido ao fato de terem de ser higienizadas com maior frequência. Partir do princípio de que aquela estação compartilhada deverá ser usada por uma mesma pessoa durante alguns dias (02 a 05 dias); higienizada durante a limpeza noturna, para então ser usada por outra pessoa por mais alguns dias;

4_Minimizar o compartilhamento da tecnologia, sejam eles teclados, mouses, equipamentos móveis (tablets, celulares etc). Até mesmo repensar como as pessoas irão acessar a tecnologia existente, baseado em telas touch, evitando assim o contágio por contato em superfícies por várias pessoas;

5_Uma atenção especial deverá ser dada à limpeza dos espaços. Não será mais só passar um pano para tirar o pó da mesa, mas sim um processo de higienização que vai desde os produtos a serem utilizados até o uniforme e EPIs que a equipe de limpeza deverá utilizar para executar o serviço;

6_A adoção de novos materiais para o mobiliário dos escritórios também deverá ser considerada. Desde superfícies que permitam uma fácil limpeza e dificultem o depósito de sujeira. Tecidos com tratamento anti-microbial e antibactericida ou impermeáveis e outros;

7_Muito vem se falando em qualidade do ar dentro dos escritórios. Certificações, a questão do wellbeing, tudo isso deverá ser levado muito mais a sério. Mais do que nunca os sistemas de ar condicionado deverão ser melhorados para filtrar melhor o ar, com novos métodos, filtros, sensores etc;

8_Deveremos promover, por meio das áreas de RH, Saúde no Trabalho e FM os protocolos de higiene pessoal que se estendem para as casas dos colaboradores. Esses protocolos funcionarão também para deixar o colaborador confortável para não se sentir obrigado a ir para o escritório mesmo estando doente, porque o chefe mandou;

9_Todos um dia teremos de voltar para o escritório, mas essa volta pode se dar aos poucos, ou mesmo deixar a cargo do colaborador decidir quando se sentir seguro de voltar. Devemos sempre levar em consideração em qual situação as pessoas estão em isolamento, se moram com pessoas que fazem parte do grupo de risco ou se realmente estão preferindo essa nova maneira de trabalhar, por se sentirem mais produtivos e eficientes;

10_E por último, estar aberto a abraçar as novas maneiras de trabalhar, pois os colaboradores irão buscar essas condições, seja na empresa onde estão, seja em outra que as adote como nova prática.

O resumo disso tudo e um consenso entre os artigos e pesquisas publicadas até agora sobre o tema é a inevitável constatação de que mudanças profundas ocorrerão na maneira como iremos olhar para o trabalho e para o ambiente onde ele se desenvolve.

Luiz Gustavo Campos

Arquiteto | Workplace Strategist

RP Estúdio