Dentre os recursos criativos da atualidade está o uso de produtos originários de matéria prima artesanal, descartada ou reciclada, uma atitude que colabora com a manutenção da cultura, da economia, dos recursos e técnicas regionais, capacitando cooperativas, dando sust
ento e competência a famílias de baixa renda.
Moda e decoração andam juntas nisso.
A fábrica de tecidos Eco Simple, localizada na cidade de Americana e fundada em 2010 por Claudio Rocha e Marisa Ferragutt, utiliza garrafas pet,aparas de tecido descartadas em confecções e roupas usadas. Suas máquinas são elétricas e mecânicas e não usam jatos d`água na produção, cujas etapas são: separação do material por cores e texturas; rasgamento – onde os tecidos são desfeitos até se tornarem fibra no estado original; fiação – transformação das fibras em novos fios que não precisam de corantes, pois já possuem a coloração da matéria utilizada.
Além de fomentar o cultivo de cooperativas que separam a matéria para a produção, apóia o consumo consciente e ajuda a indústria têxtil brasileira, que vem sofrendo uma crise há anos por causa da concorrência dos importados e dos altos impostos no transporte de tecidos que utilizam na produção.
O estilista Alexandre Herchcovitch utiliza os tecidos reciclados desta empresa em seus desfiles no SPFW e em linhas de tecidos lançadas para revestir móveis.
linha da Estar Móveis com tecidos Eco Simple, linha Alexandre Herchcovitch.
Outro estilista que faz uso de 
peças que valorizam a cultura, recursos e economia regional é Ronaldo Fraga. Em sua coleção Verão 2016 desfilada no SPFW, foram desfilados acessórios e peças bordadas produzidas artesanalmente pela cooperativa Sereias da Penha, onde mulheres de famílias de baixa renda foram capacitadas a desenvolver as biojóias com materiais descartados, como escamas de peixe preparadas e lavadas, conchas e fios de cobre e nylon. O projeto é uma parceira entre o estilista, a Prefeitura de João Pessoa, o Senac e o IFPB – Instituto Federal da Paraíba.
Além de valorizar o que temos em terreno nacional, agrega valor às criações de quem se utiliza destes recursos, gera empregos, autoestima aos artesãos, valorização cultural e capacitação.
Esteticamente falando, Ronaldo Fraga usou como referência regional em desfile do SPFW em 2013 os desenhos do Mestre Paulo Marques de Oliveira, artista do Vale do Jequitinhonha.
Fotos acima: Zé Takahashi e Marcelo Soubhia/Ag. Fotosite
O premiado design
er Sergio Matos também faz parcerias com comunidades artesãs e explica seu trabalho: “Desenho para o Estúdio Sergio J. Matos um novo tempo. Aquele feito de peças com a regionalidade que ainda não explorei e de técnicas artesanais que assinalam o luxo de serem únicas. Isso pauta a busca por novas parcerias e comunidades artesãs interessadas em integrar o projeto. Motivado por esse futuro que já começou, seleciono a matéria-prima de excelência que traduz resistência e qualidade e estendo o traço para um leque de peças de moda e decoração que cabem no cotidiano, no ir e vir ávido por memórias e laços de pertencimento.”
Além do uso de materiais locais, o designer se inspira em referências regionais também estéticas, como as folhas da floresta que inspiram o design da cestaria, as grades do Recife que inspiram o design do vaso e os corais do litoral da Paraíba representados na poltrona Acaú:
Nas fotos abaixo, exemplos de uso recursos naturais renováveis – prendedores de roupa e cabos de vassoura cortados e assentados em placas de 30 x 30 cm, mas com uma aparência de textura totalmente diferente (linha Bioplant da Mosarte, em madeira de reflorestamento).
projetos acima – Roberta Polito
Fontes e imagens: http://sergiojmatos.blogspot.com.br/ http://www.modefica.com.br/spfw-ronaldo-fraga-verao-2016/ http://www.ecosimple.com.br/ http://www.hildegardangel.com.br/?p=1843